Sou
guerreiro Cariri
Da
caatinga e do agreste.
Já
sobrevivi à seca
E
escapei da peste,
Junto
com meu povo
Caminhei
de leste a oeste.
Porém,
algo me entristece.
É
esta invasão sangrenta,
Nesta
luta desigual
Minha
gente não agüenta.
Quando
vencemos a espada
O
mosquetão nos arrebenta.
Éramos
mais de noventa
Somente
eu resisti.
No
meio de tanto sangue
Defendendo
o Rei Jandui.
Mataram
nosso pajé,
Nossas
cunhãs e curumim.
Mataram
os irmãos daqui,
Anacés,
Acriús, Canindés,
Jaguaribaras,
Baiacús,
Jenipapos
e Tremembés.
Destruíram
nossa taba
Nossos
ídolos, nossa fé,
Montam
à cavalo, nós a pé.
De
tacape e arco na mão,
Combatemos
pau a pau
Contra
o invasor cristão.
Todo
este vale do Açu
Sempre
foi nosso chão
Hoje
é vale da solidão,
De
morte e melancolia.
É
triste ver toda tribo
Ser
dizimada num dia,
Cunhãs
serem estupradas
Maior
suplício e agonia.
Acredito
ainda, que um dia,
Vão
lembrar nossa gente:
Janduís,
Moçoró, e Apodi,
Serão
daqui pra frente
Memória
pra quem ficar
Neste
sertão inclemente.
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