Escrevo,
posso não fazê-lo bem (tem gente pior), mas, escrevo. Para mim é coisa sagrada,
pois, não escolhi. É um arrebatamento que vem das tripas ou da alma, não sei.
Cito
este sentimento para que você entenda o caso.
Mais
de uma vez aconteceu-me de, dedicar uma obra alguém e, depois, perceber que a
pessoa nem leu. Mas, a pior decepção (já tive várias destas) é quando você
encontra o livro que você investiu carinho, tempo e criação, jogado por aí.
Tenho
dois exemplares aqui comigo. Ambos dedicados com carinho para quem eu imaginava
que tinha respeito por mim. Mas, depois os encontrei “perdidos”.
Um
deles foi uma “amiga” de trabalho, encontrei o exemplar – dias depois – no
mesmo lugar que havíamos conversado e ingenuamente dei-lhe de presente a obra.
Então recolhi o livro e fiquei esperando meses que ela o procurasse ou
dissesse-me que havia perdido. Mas, ao perguntar certo dia se ela o havia lido,
a resposta surpreendeu-me.
-
Maravilhoso Geraldo, como você escreve bem. Respondeu-me a professora.
O outro
exemplar foi dedicado para uma pessoa que eu tinha grande admiração e,
falsamente dizia sentir o mesmo por mim. Após alguns dias, o motorista desta
falsa admiradora chegou-me, com o livro, capa amarrotada, pois havia ficado
dentro do carro – “bolando” – e entregou-me. Pensava ele que eu havia
esquecido.
Pois
é, nem leu a dedicatória, creio. Mas, ao ser indagada posteriormente sobre o
que achara da obra recebi vários elogios hipócritas daquela pessoa.
Por
estas e outras razões que não dou livros. Vendo-os, pois, faço de conta que a
obra não passa de mais um produto, desta forma, livro-me da decepção e
fortaleço as relações capitalistas, as mais consideradas entre as pessoas hoje
em dia.
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Isso é o "normal", ou o comum. "Anormal", ou incomum, é o sujeito ler, de fato, e fazer as críticas cabíveis, positivas ou negativas, o que em muito contribui para além do debate. O leitor constrói, em corresponsabilidade pelo texto. O "leitor" derruba, com falsos elogios, fingindo ter lido, fingindo ter entendido, fingindo... Fingindo.
Sorri, amigo. "Vai mentindo à tua dor...".
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