Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


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VOTO DE SILÊNCIO

Escrito por : Geraldo Bernardo em quarta-feira, 21 de agosto de 2019 | 6:25 AM






Fico cheio de indignação
ao ver atraso e preconceito.
Tenho cá cada defeito
de machucar o coração.
Ainda aguardo a evolução
desta minha fraca índole.
Às vezes sou como um fole,
que usa a força do vento,
minha voz faz afogueamento
até que a outro ser viole.

É uma limitação pessoal,
que não gosto de sentir.
Então,  para isto prevenir
preparei cá meu ritual,
pode até não ser normal:
para que ninguém eu amole
e que ninguém me console
fico três dias sem falar
e passo igual tempo a jejuar
para que a ninguém viole.

Nesta senda que caminho
e semeio certa incerteza
busco ser chama acesa
de alegria, de paz e carinho.
Cansei de ser tal qual espinho
ou ser mangue onde se atole.
Não é correto que eu esfole
a alegria de seu ninguém
por sentir-me triste também;
tampouco que a alguém viole.

Pode haver outra maneira
aceita como correta,
mas, minha alma de poeta
tão imatura e imperfeita
igreja nenhuma aceita
pois, não quer que alguém a engaiole
e cansou de usar do gole
perigoso da aguardente.
Daí calar e trincar o dente
para que ninguém eu viole.










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