Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


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CHICO CABECINHA E A ELEIÇÃO PERDIDA.

Escrito por : Geraldo Bernardo em terça-feira, 1 de março de 2011 | 4:17 AM


Por Geraldo Bernardo

Chico Cabecinha ganhou este
apelido quando ainda era menino,
pois tinha a cabeça grande e era muito malino,
um dia quando ninguém esperava o menino
brincava de enfiar a cabeça
no pote e dentro dele gritar,
quando sem menos esperar não conseguiu
mais retirar a cabeça dali dentro,
tiveram que quebrar o pote,
depois de muito sofrimento, Chico pôde respirar.
Mas, ganhou o apelido que
pelo resto da vida ia lhe acompanhar.
Apesar da maior dificuldade
Chico estudou, chegou a fazer faculdade,
ficou muito falante, até parecia um doutor.
Todo mundo respeitava aquele verdadeiro lutador.
Mas, como foi se influindo,
Chico decidiu se candidatar para o cargo de vereador.
Juntou um dinheirinho que tinha –
vendeu uma cabrita, um garrote,
quase todas as galinhas –
comprou um fusca velho,
botou uns alto-falantes em cima,
mandou pintar umas faixas
pendurou em tudo quanto foi esquina,
juntou um magote de moça
com umas saias bem curtinhas pra distribuir retrato
com os matutos em dia de feira.
E tome pagar lapada de cana, achar graça sem sentido,
tirar prosa com qualquer desconhecido.
Só vivia com os dentes no quarador.
A campanha ia de vento em popa,
Chico já se considerava eleito,
era voto que só a gota, dava até pra ser prefeito.
Era um pede-pede da moléstia e Chico nem ligava,
tudo que lhe pediam ele arrumava:
dentadura, pneu de bicicleta, receita, óculos –
até uma carga de rapadura teve de comprar –
a todos queria ajudar não deixava
ninguém voltar com as mãos abanando.
Com toda aquela despesa o dinheiro
ia acabando, mas Chico nem ligava,
no primeiro ano de governo
aquele prejuízo ele tirava.
Bastava falar com o prefeito,
fazer lundu, dizer que ia para a oposição
que logo ele recuperava tostão por tostão.
Faltava apenas uma semana
para se consumar a eleição.
Já tinha comprado até o paletó,
todo mundo lhe cumprimentava como vereador.
Foi, porém, numa noite de sábado
para o domingo que tudo se modificou.
Chico, que era casado com dona Carminha,
estava ficando diferente com sua velha,
desde que a campanha tinha começado
que Chico se dizia de cansado
naquelas horas da manhã.
Dona Carminha desconfiou:
-          Tem quenga nesta parada, mas se eu pego a rapariga,
menino até Deus vai ter medo desta briga.
Desconfiou, pastorou e descobriu
quem era a sua concorrente.
era a mulher do um cabo eleitoral,
que ainda era parente.
Quando acabou o comício
Chico e sua amásia foram flagrados
cometendo o ato indecente.
Dona Carminha chamou um magote de
gente e fez o maior fuá,
tudo na intenção de prejudicar a eleição do marido.
Depois de ter conseguido fazer o maior furdunço
Chico perdeu a eleição, a amante e o parente.
E pra acabar de completar,
além de perder tudo que tinha,
depois de apurada a eleição,
Chico tomou o maior porre
pra esquecer a decepção,
foi tanta cachaça que lhe fez um mal danado,
ficando o camarada com uma caganeira braba,
daquelas que não tem hora nem lugar,
nisso Chico sentindo-se apertado,
quando seguia por uma estrada,
sem muita gente por perto
acocorou-se debaixo de pereiro
e botou pra fora o fato inteiro.
quando tava se limpando naquela catinga danada,
não é que a malvada da mulher enciumada
lhe preparou uma presepada.
Gritou com voz de homem:
-          Se prepare pra morrer cabra safado,
que eu vou lhe mostrar o que se assucede
com quem mexe com a mulher alheia.
Aí a coisa ficou feia.
O susto foi tão grande que Chico
se esparramou no fruto de suas entranhas,
a mulher quase que apanha
quando Chico se levantou.
Também pudera, além de quebrado,
derrotado, ressacado,
Chico agora estava todo cagado.


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+ comentários + 2 comentários

10/03/2011, 09:40

Prezado Geraldo, esta estará amanhã, sexta-feira, em meu sítio: www.romulogondim.com.br
Abraço forte

12/03/2011, 21:14

Um barato as suas poesias! Eu adoro poesia matutas e as suas são geniais.
Um abração e continue produzindo estas pérolas, que são um calmante quando a gente está estressada.

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