Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


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O ENTERRO DE ZÉ PINDIRICA.

Escrito por : Geraldo Bernardo em sexta-feira, 11 de março de 2011 | 1:14 AM

                                                     
                                                               por Geraldo Bernardo.


Zé Pindirica era pedreiro,
pras bandas de São José, terra de cabra macho,
onde homem é homem e mulher é mulher.
Lá moço, não tem dessas coisas de
homem de cabelo comprido não.
Brinco na orelha?!
Pior ainda. É do tipo que ninguém bota fé.
Deixa que Neto de Firmino,
que era servente, tinha uma certa fama,
se era mentira ou verdade não se sabe,
o certo é, que o cabra tinha um jeito de comadre.
Nasceu com a língua presa,
e falava “assim”, soprando vento,
vivia cochichando com as mulheres pelos cantos,
mas o que causou mais espanto,
foi quando raspou o suvaco.
Sempre foi metido a fraco.
O pai, desde cedo lhe ensinou
oficio da construção civil,
Mas o sujeito nunca saiu da tina.
Gostava era de mecânico, só vivia em oficina.
Mesmo assim foi trabalhar com o mestre Zé Pindirica,
fazendo traço, mexendo massa
e dizem as más línguas,
que quando os dois tomavam um porre,
faziam coisas que ninguém imagina.
Certo dia, por um golpe do destino,
o Pindirica morreu.
O fato é que caiu de um andaime mal amarrado,
Neto, que estava mamado,
foi para o velório do amigo
muito mais embriagado,
chorava e fungava de um jeito tão sofrido,
que deixou todo mundo emocionado.
Porém quando resolveu falar foi a maior inguirizia.
Se babava, chorava ou se lamentava ninguém sabia,
pois era tão grande o labacé, que só pouca gente  entendia.
Bêbado quase caindo, debruçado no caixão, Neto dizia:
- Oh! Dor. E saber que última
pessoa que ele falou foi comigo.
Este era o refrão, mas disse muito mais:
-          Eu lhe conheço Pindinha, desde muito rapaz.
Oh! Dor. E saber que última
pessoa que ele falou foi comigo.
Pior foi quanto revelou alguns segredos:
-          Vá embora Pindirica, vá!
É melhor que viver obrigado,
você nunca quis ser casado.
Oh! Dor. E saber que última
pessoa que ele falou foi comigo.
Oh! Meu Deus! Como dói
eu não sei viver sem você!
Todo mundo constrangido, não sabia o que fazer,
foi quando Nino Beinvê teve a idéia
de levar Neto para o boteco,
depois de muito insistir e
Neto repetir: Oh! Dor!
Quando os dois iam saindo
um curioso lhes perguntou:
-          E o que foi que ele lhe falou?
-          Ele disse assim:
Neto, seu filho de uma ronca e fuça,
você amarrou mal esta tábuuuuu.... aaaaaaa.!
Tum!
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+ comentários + 5 comentários

Francisco Carlos
12/03/2011, 15:24

Prezado Homero dos Sertões!

Parabéns pela resistência em prol da cultura popular.

Saudações,
Francisco Carlos

Anônimo
14/06/2011, 17:23

Gostei, como voc~e bem sabe, adoro poesias! Estou seguindo seu Blog e vou ficar dando sempre uma espiadinha! Abraços!

Anônimo
14/06/2011, 17:24

É iso aí, estou a sua disposição para pareceria! Castelo Sá.

Anônimo
10/12/2013, 09:09

Mêrmão pode apostar
Que o mundo vai se render
Cum toda a reverencia
Pra curtura popular

Manel Bomfim

Anônimo
10/12/2013, 09:14

Eu nasci no Paraná
Mas, lá eu vivi pouco
Deus mandou nós de vorta
Pro querido Ceará

Em Iguatu eu fui criado
Nos sertões do meu Nordeste
Num lugar chamado Raposa
Meu torrão muito amado.

Manel Bomfim

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