Na Paraíba, a partir de fins do século XVII e início do século XVIII, a colonização portuguesa parte do litoral em busca dos sertões, construindo grandes fazendas de gado as margens dos rios. Vários pontos estratégicos vão se formando. A fazenda Acauã é uma destas localidades. Situada em local de fácil acesso a água, na junção dos rios do Peixe e Piranhas com férteis várzeas em seu entorno, verdadeiro oásis em meio a caatinga.
Ali construíram a capela de Nossa Senhora da Conceição e posteriormente o sobrado que serviria de residência para o padre revolucionário Luiz Correia de Sá, que transformou o local em palco de discussões políticas nos movimentos de 1817 e 1824, quando no Brasil ferviam os ideais republicanos e separatistas da Confederação do Equador, neste período outro visitante ilustre deixaria as melhores impressões do lugar, o frade carmelita FREI Joaquim do Amor Divino CANECA.
Os trilhos do século XX trariam a cotonicultura e a estação de trem, ampliando a importância do lugar. Traz ainda em seu panteão de moradores ilustres o escritor ARIANO SUASSUNA, servindo de cenário para surgimento de alguns de suas personagens. Na década de 60, a localidade de Acauã despontava como centro de difusão cultural onde a juventude local encenava seus “dramas” e tocava seus forrós, surgindo, naquele meio, grandes valores, a exemplo de GLORINHA GADELHA.
Tombado como patrimônio histórico pelo IPHAN em 1967, apenas na década de 90 é que o Governo do Estado efetivamente reconhece a necessidade de restauração do conjunto arquitetônico da capela e do sobrado, contudo o projeto prevê ainda inúmeras melhorias como a construção do Museu Armorial dos Sertões, o Teatro Ariano Suassuna, além de espaço para comercialização do artesanato produzido pela população local, entre outras realizações previstas dentro do projeto apresentado pela Fundação Casa de José Américo, que inclusive obteve recursos do MinC e emendas parlamentares. Contudo, o processo de restauração está paralisado deste dezembro último, correndo o risco de depredações e servindo de abrigo a animais.
Resta-nos indagar sobre a continuidade daquela obra, pois a mesma é de vital importância para o desenvolvimento do turismo na região, bem como para preservação da nossa memória cultural, uma vez que representa um exemplo de construção barroca característica da família patriarcal, onde a casa-grande se construía junto à capela.
A cidade de Aparecida, surgida num “Canto” daquelas terras, o que inclusive veio a servir de denominação daquele lugar, é guardiã deste patrimônio que enche de orgulho este canto nordestino.
*texto do Prof. Geraldo Bernardo
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