Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


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QUEM É GERALDO BERNARDO? - Texto de Fabiano Ferreira - Do livro PERFIS EM JORNALISMO CULTURAL

Escrito por : Geraldo Bernardo em quinta-feira, 25 de dezembro de 2014 | 11:09 AM


Foto: Júlio César 
Perfis em Jornalismo
Cultural
Sandra Raquew dos Santos Azevêdo, Lívia Maria Dantas Pereira
(Orgs.)

QUEM É GERALDO BERNARDO?
Fabiano Ferreira de Sousa

É um homem que diz ser um matuto beradeiro, que vive no mundo urbano. Escritor e teatrólogo. Nasceu em uma localidade chamada Logradouro dos Gomes, zona rural do municio de Sousa, no Sertão paraibano. Passou a ter educação formal somente a partir dos 12 anos, após a retirada dos documentos pessoais. Vivia muito em contato com a natureza e com toda a tradição sertaneja: com os vaqueiros, sendo agricultor, conheceu um mundo onde não havia muita tecnologia, o mundo do pilão, das modernidades primitivas de sobrevivências no semiárido deixadas pelos antepassados.
Sua infância foi marcada pelo trabalho na agricultura. Já aos dez anos de idade tinha que ajudar os pais nas atividades do campo, para manter o sustento da família. Teria, então, que conciliar o tempo para estudar e trabalhar ainda preso à imaturidade da juventude enraizada pelas dificuldades da época. Estudar seria a esperança de um futuro melhor. No caso de Geraldo, alguns o ajudaram na escola, mas, de maneira geral, a cidade, o local, o Sertão, uma cultura muito arraigada, os valores que eram difíceis de transformar e o preconceito foram fatores que contribuíram para as dificuldades.
Sua ligação direta com a cultura surgiu na fase da adolescência ainda quando tinha 16 anos, quando passou a escrever sistematicamente,colocando-se como poeta e também como ator, conforme confidencia: “Isso nasce com a gente; é uma coisa que alguns que são religiosos dirão que é dom de Deus, outros dirão que, enfim, alguma coisa acontece que passa além da questão acadêmica, além da questão da ciência. Então, a inquietude de minha existência primeira, da primeira infância,processo hoje conhecido como adolescência, porque na minha época não tinha disso, isso tudo me deu elementos de inquietações... Inquietações que vêm do ser, que vem do psicológico, que vêm da ontologia do ser humano.”
Ainda jovem descobriu que tinha talento. Isso aconteceu por volta de 1979, quando na Escola Celso Mariz fazia uma leitura da obra de Dias Gomes O Pagador de Promessas. Geraldo sentia dificuldades na compreensão da escrita, de parênteses, de travessão, enfim, de pontuação textual. Na dúvida, resolveu perguntar a professora:
- Professora o que é isso? Ai então ela respondeu:
- Isso é teatro, vamos fazer!
A partir daí surgiu um o GRUTAS (Grupo de Teatro Amador de Sousa), que era um sonho de adolescentes, de estudantes. Nesse momento percebeu que ali poderia ser e ter espaço para não ser apenas um menino cabeçudo, orelhudo, matuto, que ninguém colocava no time, que era escorraçado da turma, que sofria o que hoje
chamamos de bulling, humilhação e preconceito forte. Ser acuado pela cidade inteira fez despertar o seu talento. Foi o teatro que lhe deu poder de voz, e inclusive, colocou seu texto em voz no palco.
O inicio de carreira foi marcado pelo incentivo dos familiares, uma vez que sua mãe também faz teatro e seu pai era uma figura que só tinha uma preocupação:  que o sujeito trabalhasse. Mesmo assim, Geraldo ainda sofreu a critica e preconceito por parte de alguns amigos.
Contudo, o modo em que seus amigos o criticava com atitudes pejorativas, ele encarava a situação como uma forma de incentivo, e
dessa maneira conseguiu provar, para uma serie de pessoas que elas estavam com uma ideologia equivocada.
Vencido esses obstáculos, deu inicio a sua carreira na literatura e no teatro, fez vários personagens, parte dos grandes festivais do teatro amador (tanto na Paraíba como no Nordeste), ganhou vários prêmios como melhor ator e autor. O personagem principal que marca sua carreira artística, é o Arupemba, um personagem com o viés literário, que busca resgatar os falares, os costumes do Semiárido rural que as
pessoas estão jogando fora e tem vergonha de falar. Com esse personagem, Geraldo rodou o Nordeste e viajou muito o Brasil.
Chamado por varias instituições para a abertura de Feiras e Festival de Rock, o Arupemba já esteve em diversos lugares desse País e teve
participação em eventos internacionais.
A cultura lhe proporcionou momentos de liberdade... Liberdade de não ter uma barreira entre outra pessoa de qualquer natureza; a liberdade de rodar o Brasil e de fazer com que outras pessoas o conhecessem e o percebesse dentro desse contexto, a liberdade de uma relação de amizades e articulações pela Paraíba e por todo o país. Proporcionou o saber falar, pontuar, fazer uma leitura, escrever, enfim, abriu portas
para criatividade e o desenvolvimento de várias atividades.
Geraldo é um artista que aprendeu a viver e vencer, entender e a aceitar as adversidades do outro, independente da forma como o outro individuo seja, o quanto ao avanço da progressão intelectual do ser humano, ele afirma: “O que se deve colocar mais no desenvolvimento é investir no processo da educação, não nessa educação formal e caduca, que dá raiva do aluno ficar e m sala de aula, que dá sono, que a mesma lição que o professor me disse está dizendo ao meu filho, todas as pessoas tem que buscar entender as adversidades, a aceitar o outro independente da forma de como o outro seja.”
Atualmente, o paraibano tem desenvolvido vários trabalhos. No palco,
está em um momento de repouso de personagens para, retomar os personagens com novas histórias. Já na literatura, vem desenvolvendo uma militância mais forte, e ainda é produtor do Centro Cultural Banco do Nordeste, produz dois programas de literatura (o Culto do Leitor toda quinta-feira do mês na biblioteca Inspiração Nordestina), é colunista em sites da Paraíba, Rio de Janeiro, Alagoas e São Paulo.
Aliás, esse é um projeto pessoal, que vem construindo há três anos: ainda em 2013 estará lançando Jamile: O Especialista em Milagre, que é um livro de contos estará sendo editado pela Editora Multifoco, do Rio de Janeiro.
Um artista que já pensou até mesmo em desistir de sua carreira, influenciado pelas dificuldades enfrentadas ao longo de sua vida, e pela falta de investimentos por parte das autoridades em investir cada vez mais no campo da cultura, mas que o ego cultural falou mais alto, a ponto de manter de pé sua capacidade de produzir e de se contrapor a mesmice.
Geraldo Bernardo é assim: tem um campo profissional muito amplo, é
professor de História graduado pela UFCG, técnico em contabilidade e ainda foi bancário. “Pela razão sou agricultor, e hoje penso nas coisas com um pouco de agricultura, então por isso aprendi a fazer uma serie de coisas”, assim ele mesmo se define.
Esse é Geraldo Bernardo, um artista e escritor que diz ser um matuto, mas que na verdade carrega uma capacidade intelectual gigantesca.


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