Além de gozador Antonio tinha mania de grandeza. Vivia gabando-se
e projetando suas megalomanias. Lili o detestava e era a única a dizer-lhe as
verdades.
Na passagem de ano, quando juntava todo mundo na casa de
tia Joana, Antonio superava-se:
- Tá vendo este sapato? Só quem tem sou eu, couro de
primeira – é o fraco!
Primos e primas evitavam-no o quanto podiam.
- Esta camisa de seda pura custa mais de um mês de teu
salário, primo Geraldo – é a fraca!
“É o fraco! É a fraca!” Foi ouvida dezenas de vezes.
- Este uísque é coisa de gente fina, Lampião só bebia
dele – é o fraco!
Foi a gota que faltava para Lili que, com desdém e
chispas, encarou-o e disse alto pra todo ouvir:
- A gente vê carrapato com tosse, só quer ser as pregas
do cu de Quelé, não tem no cu o que um periquito rói, cuidado pra não cair do
tamborete com a cara no chão.
Naquele réveillon
Antonio não esperou a queima de fogos.
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