Ela
com aquela mãozinha tão delicada, o esmalte tão vermelho quanto o batom, a pele
tão clarinha. Disse-lhe:
-
Clarinha, segure firme. Tenha cuidado que a coisa dá sopapos.
Basta!
Ela olhava apreensiva, mas fazia um risinho no canto do lábio para dizer que
estava tudo bem.
Meu
bem, eu não sei se você devia fazer isto. Disse-lhe querendo tirar o troço das
mãos. Mas, ele estava determinada, queria fazer aquilo de qualquer maneira.
-
Para tudo tem uma primeira vez, não tem? Melhor que você me ensine do que
qualquer um destes machos grossos.
Eu
olhava aquele rostinho tão angelical. Tinha dezoito já completos? Perguntava-me
silenciosamente.
-
Então tá! Vou te explicar tudo de novo. Segure firme, bastante firme. Tenha
cuidado com o vai e vem, pois, ela sai do prumo e geralmente pega pra esquerda.
Enquanto
eu dava as instruções percebi que ela arfava. A emoção era grande, o coração
pulsava forte, dava quase para o ouvir o “tum... tum”.
-
Primeiro encoste no lugar certo, depois vá forçando devagar até fazer a
abertura necessária. Cuidado com o resvalo, as vezes sai de um buraco e quer
entrar noutro.
Ela
seguia todos os passos que eu lhe ensinava. E eu também ajudava, segurando
levemente seu antebraço e ajudando-a a guiar o instrumento.
-
Viu! Não é difícil. Basta querer que você consegue Clarinha. Afinal a primeira
vez nunca é fácil; que bom que você me escolheu para fazermos juntos.
Clarinha
tão delicada, tão menina, os cabelos tão perfumados e um cordão de ouro fininho
com uma bailarina como pingente, sorria e me deixava guiá-la naquela função.
-
Até aqui você foi bem, meu bem. Agora prepara-se que depois do rompimento então
é aquela sujeirada toda, mas, não se espante, a gente limpa tudo depois.
Ela
parecia em êxtase com a experiência. Nada dizia, só arfava e olhava-me com ar
espantado e maravilhada.
E
assim foi que ensinei a Clarinha a cortar a cerâmica com serra elétrica e
trocar a torneira da pia.
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