Numa
casa de roça bem alpendrada
É
ótimo para se cochilar a tardinha.
Recomenda-se
comida levinha
Para
não sonhar coisa atrapalhada.
Uma
vez empanturrei-me de buchada
Regada
com bastante aguardente.
Fui
dormir sentindo o corpo quente
Tive
pesadelo, uma mazorca!
O
azul do céu sobre a terra se emborca
Em
minha rede, sonho um sonho diferente.
Senti-me
paralítico e arfante
Tentei
falar, minha boca não tinha voz.
Fiquei
mergulhado num escuro atroz
Invadiu-me
a energia delirante
E
uns ruídos de gritos bem distante
Faziam
um turbilhão em minha mente.
Então
a rede encheu-se de merda quente
Ao
sentir a sensação de quem se enforca.
O
azul do céu sobre a terra se emborca
Em
minha rede, sonho um sonho diferente.
É
ruim quando acaba na hora do bem bom
E
fica aquele gosto de quero mais.
No
reino onde toda proeza é capaz
Posso
navegar pelas ondas do som
Pra
ser médico ou astronauta tenho dom.
As
vezes vou visitar quem estar ausente
Acho-a
num mundo além de minha mente,
Iluminado
ofereço-lhe alborca.
O
azul do céu sobre a terra se emborca
Em
minha rede, sonho um sonho diferente.
Um
jumento cobrindo uma jumenta
Uma
cena sem pudor, ali no terreiro!
Na
sombra de um frondoso juazeiro
Uma
franga pedrês, faceira e ronhenta,
Finge
escapar do galo que atenta.
A
cadela engatada trinca o dente.
Vejo
na direção do sol poente,
Um
suíno parafusando a porca.
O
azul do céu sobre a terra se emborca
Em
minha rede, sonho um sonho diferente.
Divagando
em estado de letargia
Sinto
cheiro, tato e desespero.
Sobre
meus ombros pesa o mundo inteiro
E
meu caminhar parece ser de agonia
Não
sei se é madrugada, noite ou dia
Se
estou no futuro ou no presente
Se
sou são, canceroso ou demente;
No
peito um aperto de contraporca.
O
azul do céu sobre a terra se emborca
Em
minha rede, sonho um sonho diferente.
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