Numa tarde quente vi o futuro
E
não era lá muito distante
Vi
algo que foi muito agonizante.
Um
túnel que saía da luz pro escuro.
Um
soldado de cassetete duro
Espancando
uma jovenzinha
Uma
casa sem ter nada na cozinha
E
um trabalhador desempregado
Eu
preferia estar morto e enterrado
Do
que saber do mal que se avizinha.
Vi
passar o ano de dois mil e dezoito
No
Brasil não haver eleição presidencial,
Milicos
assumirem como emergencial
O
Supremo e Legislativo afoito
Deram
a essa medida foro e coito.
Protelaram
o pleito com ar de cinismo
Alegando
implantar o parlamentarismo
E
em dois mil e vinte fizeram um pleito
Onde
já se sabiam que o tal eleito
Era
um carioca adepto do nazismo.
Gilmar
Mendes, primeiro ministro,
Escolhido
e o cargo era vitalício.
O
povo passou a viver grande suplício
Pra
negros e mulheres era sinistro
Só
no livro contábil ter registro
Viraram
então farta mercadoria
Mão
de obra barata pra burguesia.
Pobre
não entrava na faculdade
Ia
ao trabalho já aos cinco de idade
E
apenas uma merreca recebia.
Vi
muita mulher morrer sem parir
Coqueluche,
tétano e disenteria
Hospital
e ambulância não mais havia.
Na
rua ninguém mais podia se reunir.
Qualquer
denúncia fazia você sumir
Internet
ficou cara e limitada
Com
a comunicação controlada
Verdade
era só na rede globo
Contrariá-la?
Ora! Ninguém era bobo.
Pois,
ia parar numa cela gelada.
Vi o
medo na cara das pessoas
E
regojizo de gente safada.
Vi
muito covarde em debandada
E
alcaguete dedurar gente boa
Só os
crentes pentecostais riam à toa
Eles
gozavam de muita regalia
No
Brasil era só quem tinha alegria
Realizavam
tarefa importante
Curar
gays e qualquer simpatizante
Para
os pastores era a maior galhardia.
Vi a
morte dos povos da floresta
E a fogueira
queimar mãe de santo.
Vi a
mãe, nas ruas banhada em pranto
Velar
seu filho baleado na testa.
Contar
muita coisa ainda me resta
No
transe a imagem tanto ia quanto vinha.
Deus
não quer o Brasil doente desta tinha
E eu
espero ter sonhado o sonho errado
Eu
preferia estar morto e enterrado
Do que saber do mal que se avizinha.
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