Poesias, crônicas, contos e dramaturgia escritas por: Geraldo Bernardo, tendo como cenário o sertão, seus personagens e mitos.


Home » » É DO LIXO DÉADIM.

É DO LIXO DÉADIM.

Escrito por : Geraldo Bernardo em sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019 | 1:49 PM




Déadim, meus irmãos diziam,
para chamar Geraldinho.
Como sou o primogênito,
tinham por mim carinho.
Cedo tive que trabalhar,
para na feira ajudar
e alimentar nosso ninho.

Já era bem crescidinho
quando na rua fui morar.
Vivia na periferia
quase não pude estudar.
Se algum de nós adoecia
tomava garapa fria,
era assim, até a febre baixar.

Além de nossa mãe rezar
pedindo a Deus nossa cura.
E dos doze que nasceram
seis baixaram à sepultura.
Uma de minhas irmãs adoeceu,
daquela vez quase morreu,
nos dando grande agrura.

Mainha, então, àquela altura
era de cortar coração
mas, juntou todas as forças
buscando uma solução.
Na rua uma boneca achou
lavou, limpou remendou
e deu como consolação.

Até hoje lembro com emoção
– as lágrimas afloram em mim –
quando do trabalho cheguei
que aquilo vi e disse assim:
- Que boneca bonita!
Seu olhar febril me fita
E ela diz: - é do lixo Déadim.

Compartilhe este artigo :

+ comentários + 1 comentários

15/02/2019, 20:13

Lembro bem dessa passagem em nosso seio famíliar

Postar um comentário

Obrigado!

Video - Vale dos Dinossauros

Arquivo do blog

Seguidores

Facebook

Postagens populares

Tempo Agora

Total de visualizações

 
Suporte : Tradução e Edição | Johny Template | Mas Template
Copyright © 2013. Matuto Beradeiro - Todos os direitos reservados
Template Created by Creating Website Published by Mas Template
Tecnologia : Blogger