Déadim,
meus irmãos diziam,
para chamar
Geraldinho.
Como sou
o primogênito,
tinham
por mim carinho.
Cedo tive
que trabalhar,
para na
feira ajudar
e alimentar
nosso ninho.
Já era
bem crescidinho
quando
na rua fui morar.
Vivia
na periferia
quase não
pude estudar.
Se algum
de nós adoecia
tomava
garapa fria,
era assim,
até a febre baixar.
Além de
nossa mãe rezar
pedindo
a Deus nossa cura.
E dos
doze que nasceram
seis baixaram
à sepultura.
Uma de
minhas irmãs adoeceu,
daquela
vez quase morreu,
nos dando
grande agrura.
Mainha,
então, àquela altura
era de
cortar coração
mas,
juntou todas as forças
buscando
uma solução.
Na rua
uma boneca achou
lavou,
limpou remendou
e deu
como consolação.
Até hoje
lembro com emoção
– as
lágrimas afloram em mim –
quando
do trabalho cheguei
que aquilo
vi e disse assim:
- Que
boneca bonita!
Seu olhar
febril me fita
E ela diz:
- é do lixo Déadim.
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Lembro bem dessa passagem em nosso seio famíliar
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