Bom dia #47
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em sábado, 19 de dezembro de 2020 | 4:36 AM
BOM DIA.
Fale sempre com franqueza,
por mais difícil que seja.
Por vezes você peleja
e escorrega na fraqueza
de mentir por gentileza.
Pra não dizer grosseria
ou pra criar empatia
a fala é falseada
mas, se no momento agrada
vai chatear qualquer dia.
Pode doer, pois é dura,
a verdade quando dita.
É fala mansa que grita
tua falha em toda altura
na boca de quem te atura
e quer tua companhia
te dá conselhos, te guia
para o caminho do bem.
Feliz de quem ainda tem
alguém franco no bom dia.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo
Bom dia #46
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em sexta-feira, 18 de dezembro de 2020 | 4:32 AM
BOM DIA.
A falsa felicidade
é cara, carece cobre,
e não anda em casa de pobre.
Desconhece a liberdade
e promove iniquidade.
O seu ronco turbinado
tem o sotaque importado,
avança sempre o sinal
e só vai ao tribunal,
brindar ao magistrado.
Vive trancada em mansões
entre jantares e tramas
ri desbragada dos dramas
dos que vivem nos porões
sem títulos nem tostões.
E faz da filantropia
a prática que alivia
de uma existência tão só.
É quando pega o trenó
e oferta a falsa alegria.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo
Bom dia #45
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em quinta-feira, 17 de dezembro de 2020 | 4:30 AM
BOM DIA.
A alegria veemente
daquela que faz chorar,
faz as pernas bambear,
êxtase surpreendente.
Ser feliz você se sente
na mente fica gravada
a imagem dessa hora amada
para toda eternidade
como a tal felicidade
por toda vida lembrada.
Mas, se o golpe é profundo
e uma dor dilacerante
em lágrimas banha o instante
de sofrimento profundo
pra você o fim do mundo
também fica registrada
na mente do camarada
no setor de dor e trauma
e na terapia da alma
deverá ser trabalhada.
De novo nos encontramos
na bifurcação da escolha
porém não existe uma bolha
dentro da qual abrigamos
aquilo que não gostamos.
Doses de sabedoria
autoestima e harmonia
é remédio que se aposta
pra dar a melhor resposta
a dilemas de bom dia.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo.
Bom dia #44
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em quarta-feira, 16 de dezembro de 2020 | 5:09 AM
BOM DIA.
Escolher é excluir,
difícil resolução
é quando razão e emoção
disputam o decidir.
E do abismo do porvir
os argumentos saltam,
todas defesas brotam
mas, mesmo escuro e impreciso
é no futuro indeciso
que os viventes apostam.
A vida é uma prova
que tem regra indefinida.
Já no início da corrida
cada jogador aprova
que se perder vai à cova.
Além de saltar barreira
cobram-lhe ser dianteira,
todo tempo competindo
o jogo vai consumindo
sua bateria inteira.
No final o jogador
para e faz o seu balanço,
mas, o prêmio de descanso
tem o tempero da dor
quando outro competidor
toma o troféu que ele havia
ganhado com euforia
permuta, vende, ou reforma.
Pois, tempo tudo transforma
neste jogar de bom dia.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo.
Bom dia #43
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em terça-feira, 15 de dezembro de 2020 | 4:59 AM
BOM DIA.
Eu já vi impérios caírem,
implodindo qual balão;
na violenta invasão,
povos inteiros sumirem.
também vi bancos ruírem
e o povo pagar o pato;
vi argumento contra fato
perder e feio a contenda;
cegueira fonte de renda;
vi cego ver pelo tato.
Mas, ver fascista acuado,
entalado na arrogância,
contido na petulância
é imagem de bom grado.
Você fica aliviado
sente até certa euforia
percebe com alegria
que o engano não se sustenta,
e que ainda há gente que tenta
construir sempre um bom dia.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo
Bom Dia #41
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em domingo, 13 de dezembro de 2020 | 5:12 AM
BOM DIA.
Quando morei no Lajedo
vi uma vez um cangaceiro
num suspiro derradeiro
era ainda muito cedo
o seu espírito com medo
ficou por ali acampado
até ser o corpo achado.
Ele foi quem me ensinou,
ser curador como sou,
conversar com o encantado.
Me contou de uma oração
pra prender o cão tinhoso
num ardil misterioso
montado com precisão
numa Sexta da Paixão
no centro da encruzilhada.
Na vasilha preparada
atalha-se o redemoinho
onde o tinhoso faz ninho
prendendo-o nesta emboscada.
Assim fez a alma penada
e prendeu um tinhoso anão.
Depois virou assombração
encontrou nova morada
em boa beira de estrada
numa oiticica que havia,
fez do anjo mal montaria,
de vez em quando passeia
buscando em dimensão alheia
nova fantasmagoria.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo.
Bom Dia #40
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em sábado, 12 de dezembro de 2020 | 5:07 AM
BOM DIA.
Certa noite de luar
quando o Aracati brisava
a relva se enluarava
quando ouvi alto um rosnar,
subiu morraça no ar
quando o bicho apareceu.
Bicho pequeno correu
quando viu o animalzão
na agonia e mutação,
todo fraco estremeceu.
Vinha tentando correr
parecendo ser humano
e após cada uivo insano
começava a se encolher,
que parecia doer
porque o tal bicho babava
o corpo se deformava
tomando forma canina
e dilatando a retina
enquanto o pelo aumentava.
Atrás dele a multidão
perseguia-o enfurecida
queriam tirar a vida
da incrível aberração.
Pensei: acho ser maldição,
ter nascido diferente,
sem ser bicho sem ser gente
enfrentar a fúria insana
desta incompreensão humana,
a qual é cega e inclemente.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo.
Bom Dia #39
Escrito por : Produção Coletivo Sputnik em sexta-feira, 11 de dezembro de 2020 | 5:03 AM
BOM DIA.
As carroças pararam
em círculo no Lajedo
quando era manhã bem cedo.
Os chefes concordaram,
com a prole acamparam.
Os sete chefes ciganos
voltavam todos os anos,
com marcas de sol no couro,
com as dentaduras de ouro,
e seus coloridos panos.
Quando estavam acampados
era tempo de alegria,
fogueira, dança e folia
quando ficavam cansados
dormiam bem aninhados.
Certo ano foi diferente,
o bando chegou silente
nem o fogo crepitava
e todo mundo rezava
pela cigana doente.
Era uma bela menina.
A praga desconhecida
ia lhe tomando a vida,
sua feição doce e fina
como uma fraca neblina
ia lento sucumbindo
e com o vento se esvaindo.
No instante que me fitou
o sopro vital voou
então ela olhou-me sorrindo.
Seu corpo decorou o chão
com rústica sepultura.
Sua energia dá cura
para quem tem devoção.
Seu riso de proteção,
é imagem que domina.
Minha cigana menina
por toda esta eternidade,
é a tua santidade
quem protege minha sina.
Texto e imagem: Geraldo Bernardo.