Seu Júlio
tinha fama
no bairro
onde morava.
De tudo
ele cuidava:
de buraco
de lama;
e, ainda
esquentava a cama
de uma solitária
qualquer.
A coitada
de sua mulher
já estava
acostumada
vivia sendo
chifrada
mas dizia:
- É a mim que ele quer.
Morador
muito antigo
daquela localidade,
bairro famoso
da cidade,
dizia-se
grande amigo
e pronto
para dar abrigo
a
qualquer pessoa carente.
Assim,
virou presidente
da Liga
de Moradores.
Fazia muitos
favores
e
adorava ditadores.
Um ano, véspera
de eleição,
teve uma
ideia original.
Fez grande
ceia de Natal
para anunciar
a decisão
em
colocar-se a disposição
seu nome
pra vereador.
Antes de
perguntar ao eleitor
quis conquistar
o partido.
E, como havia
decidido,
só
convidava apoiador.
Veio o
prefeito do lugar,
de gravata
laranja,
esbanjando
sua franja.
Também o
chefe militar
e o juiz
não podiam faltar.
O deputado
corrupto,
trouxe
um capanga bruto
e um radialista
babão.
E para
mostrar devoção,
um padre
para abençoar.
Mesa
posta, hora do jantar.
Um enorme
peru assado
apetitoso
e dourado,
atavio
da mesa ovalar.
Cada qual
quer comentar
do naco
que se serviu.
O juiz,
diz, mordendo o pernil:
-
Vigoroso como a lei.
Foi
quando Valter Dysney
No meio
da história surgiu.
Era unigênito,
Dysneyzinho,
com as mãos
em concha na boca
ria, um
risinho de voz rouca:
qui,
qui, qui... baixinho.
Seu
Júlio olhou de ladinho.
A secretária
do partido
Vestia micro
vestido
deitou-se
sobre a mesa
e disse
ter certeza:
o melhor
peru comido.
O padre
empedernido
comenta:
quem come asa,
não se
cansa e nem atrasa.
Dysneyzinho,
divertido,
com seu
riso contido
qui,
qui, qui cá, cá, cá, cá;
Seu
Júlio olha pra lá e pra cá;
a mãe
cutuca o garoto
e ele continua
maroto:
Qui,
qui, qui cá, cá, cá, cá.
O
deputado comilão
abarrotou
o prato e falou:
-
Namorador como sou
não
posso perder ocasião
e como
manda a tradição
vou comer
este sobrecu
com uma
dose de pitu.
Disse na
gargalhada
e com sua
faca afiada
cortou
um naco de peru.
Dysneyzinho
não suportou
riu desbragadamente
ecoando em
todo ambiente.
Seu Júlio
já se enfezou,
ríspido,
ao filho perguntou:
- Diga
logo, o que tens tu?
Quer provocar
um sururu?
E ele
respondeu mangando
-
Quantas vezes, tô lembrando,
que comi
o cu deste peru.
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