Hibernei
por três longos dias. Folheei sem prazer algumas publicações e não li uma
página sequer. A que se deve este vazio? Quanta tormenta me aflige a mente a
vazia. Como Hamlet, pergunto-me e não encontro respostas. Tudo está terminado?
Construir
novas utopias é suicídio. A “normose”, que tomou conta geral da ideologia
reinante, diz-me que devo me preocupar mais com o vintém que com as ideias.
Será? E os protestos em Wall Street? E a quebradeira geral do mundo, a qual
está sendo paga com a poupança dos trabalhadores? Como não empunhar novas
bandeiras, rasgar a cortina da hipocrisia e dizer tudo está terminado?Bradar,
aos tantos ventos quantos possam existir que temos uma grande tarefa a cumprir.
Descobri-me
professor, diria educador, mas, fui impelido a construir um aprendizado
dogmático, sistemático, pautado em índices ministeriais. Relutei, transformei o
possível, tem sido muito pouco. Ante a crise, ou inversão, de valores, tem sido
ínfimo.
Ouvi
falar de revoluções, garantias individuais, diversidade e tudo mais. Mas, vejo
um sistema férreo dominar gentes e instituições. O esmero do artesão foi
trocado pelo descartável chinês ou paraguaio, tanto faz. Dizem os manuais
legalistas, que a escola é um templo da formação, do prosseguimento de uma
cultura, a qual se sustenta em pilares fictícios.
A
família, como de todo o resto, passa por transformações galopantes que não são
aceitos, na maioria das vezes, por aqueles que a compõem. E, resultante deste
conflito, surge o pensamento troncho de que a escola vai resolver os conflitos,
como se o edifício da escola fosse tal qual um reformatório, como se o
professor fosse “enquadrar” a rebeldia ou a desobediência de alguns filhotes
desgarrados do rebanho.
Não
vêm, os que são comedidos e defendem uma escola trancafiada, que, no passeio
público, o pai do aluno vende produtos piratas para financiar a educação dos
filhos. Senhores togados em várias áreas provocam uma guerra de intrigas,
traições, mentiras e tudo mais, para “vencerem” na vida, e, frustrados ao fim
de cada batalha entopem-se de álcool e barbarizam as avenidas em seus possantes
comprados, muitas vezes, com o fruto do descaramento.
Não
sou correto, nem santo, apenas não me acostumei com o argumento de que “para
tudo tem um jeito, menos para morte”, principalmente, quando ouço uma proposta
de propina anexada ao velho dito popular. É impossível confeccionar novos
tijolos, sempre retos, sem falhas, se a fôrma é velha e gasta, aprendi esta máxima
em meus tempos de oleiro.
Como
podemos, nós educadores, combater a violência, arrogância, prepotência e outros
vícios “capitais” se os jogos eletrônicos fazem dos mesmos atrativos lúdicos,
e, que são comercializados nas calçadas, para que os nossos filhos tenham
“boas” escolas?
Já
dizia, tempos atrás, um guru hippie: “não adianta remendar roupa velha com
tecido novo, pois, o remendo irá repuxar todo o tecido”. Gosto muito do que
aquele sujeito falou. E, muitos o seguem, pelos menos assim pensam ou se
mostram nos templos abarrotados. No entanto, ao saírem de suas orações
sentem-se limpos e começam tudo de novo.
Não
tenho receitas, nem pretendo concebê-las, nem sei por onde começar, haja vistaas,
o vazio que me encontro. Mas, como estou acordando gostaria de perguntar. Até
quando? Vamos fingir que não é conosco? Que está tudo muito bem? Quem poderá
responder? Ah!Já sei, o tempo.
Outra
coisa que descobri ao fim destas pequenas especulações. Não adianta hibernar e
fingir que não é comigo.
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